segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PROCURA-SE UM AMOR



"Não precisa ser perfeito.
Não precisa ser para sempre.
Não precisa ser o maior de todos, desde que seja imenso.
Aceito defeitos de várias espécies, menos a indiferença.
Já vi no filme, na novela, no romance, e até na vida real (se bem que já faz um tempo.)
Sei que já foi mais freqüente, ou porque antes a gente era diferente, ou porque o mundo era outro, mas ouvi dizer que existe ainda.
É raro, eu sei, apesar disso procuro.
Pode ser louro, moreno, bonito, feio, médio, esquisito, muito magro, meio bronco, pode ter cabelo liso ou cacheado, não importa.
Se ele tiver alguma coisa de John Malkovitch misturado com Manoel de Barros, seria ótimo, mas não chega a ser exigência.
De preferência, que ligue todos os dias, sempre morrendo de saudade.
Seria lindo se ele me desse rosas vermelhas. (Mas também não precisa.)
Exijo apenas que ele me beije arrebatadoramente sempre que a gente se encontre, que ele fique pelo menos um pouco triste toda vez que a gente brigue, que ele fique bambo, às vezes, quase morto de desejo. (Não vou sugerir aqui a possibilidade de ele exagerar um pouco, se for preciso, para me deixar mais contente, apesar de saber que essa é uma solução possível.)
Procuro um amor de verdade. (Mesmo que ele minta, muito raramente.)
Estou plenamente consciente de que não é fácil.
Que dá trabalho.
Medo.
Insegurança.
Dúvida.
Dívida.
Traz cobrança.
Problema.
Sofrimento.
Ainda assim, estou preparada para arriscar, chorar, me descabelar, me virar, rebolar, me atirar do 8º andar, se valer a pena.
Prometo estudar sociologia, se for o caso, para tentar entender se antigamente os homens eram mais atirados ou se as mulheres é que eram mais simples. Se chegar a uma conclusão não muito satisfatória, prometo ainda dar a volta por cima.
Só vou dar uma única dica: homens, atenção, mulher gosta de ser seduzida.
Através de pesquisas, observações, entrevistas ou o que se julgar necessário, procurarei compreender os motivos que levam o sexo masculino a priorizar o trabalho e o sexo feminino a dar tanta importância ao amor. (Será essa a maior dificuldade de todas?)
Levarei em consideração fatores biológicos, históricos, atávicos, hereditários, atípicos.
Juro que, para me inspirar, vou ler muita poesia.
Me comprometo a ser doce, louca, carinhosa e compreensiva, na medida do possível.
Garanto aprender culinária, se isso for imprescindível.
Faço qualquer negócio.
Só não quero me jogar e depois ouvir um “ah, porque não sei que lá”.
Porque não sei que lá, nada. Aceito tudo, a não ser desculpas esfarrapadas.
Faço questão de um mínimo de certeza, o suficiente para viver alguns dias felizes e algumas noites muito quentes.
Não abro mão de uns poucos detalhes: segredo no ouvido, muita libido e pelo menos um olhar apaixonado por semana.
O ideal é que o começo seja explosivo e o final – se houver final – seja por alguma razão inevitável. (Se não for o ideal, não faz mal. Tudo tem os seus defeitos.)
Não é difícil me encontrar.
Tenho uns 20 e tantos anos, tenho lá os meus encantos, me chamo Suzana, Marina, Tatiana, Isabela, Ana Cecília, Karina, Beatriz, Daniele, Sabrina, Pollyana, Sarita, Manuelita, Simone, Malena, Érika, Gabriela, Camila, Carolina, Mariana, Beth, Natara, Janaína, Josane, Thaís, Ronielle, Maria, e estou espalhada pelo mundo inteiro."

Adriana Falcão, crônica Procura-se um amor, publicado na Veja Rio, 27 de novembro de 2002.


Esse texto não fui eu que escrevi, somente li e senti quanta sinceridade tinha ali.. 

Me incluo nessa lista de mulheres espalhadas por esse mundo afora porque não tenho vergonha e nem medo de tomar um fora. 

Vivo muito feliz assim, sozinha e de peito aberto mas protegida com alguém especial por perto.

Sigo na solteirice com muita fé e sempre em frente, e com esperança de me apaixonar por um homem decente. 

Sorte à todas nós! 

4 comentários:

  1. Muito bom o texto, Fabi... na maior parte do tempo eu acredito ter dado a sorte de ter encontrado, mesmo as vezes querendo jogar-lo do quarto andar, ou engolindo pra não soltar um "Não precisa voltar depois que eu esfriar a cabeça". Mas qualquer relacionamento seria um saco se fosse perfeitinho, não é?!

    Sorte, querida... pra você, pra mim e pra Suzana, Marina...

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  2. Tá difícil, né? hahahahha Me sinto de outro planeta.... num sabemos mais ler o sinais, ser paquerada, não sei o que é ser levada ao cinema e não para um motel. Não sei o que é ter qualquer tipo de envolvimento, sem ser sexo.... na minha época, sexo era o máximo de envolvimento! kkkkkkkkkkk não existem olhares, conversas, telefonema então.... meu telefone acho que nunca mais tocou hahahahhaha é apenas um blim blim, inexpressivo, evasivo, esperando uma atitude, ou várias, ao mesmo tempo, para decidirem a melhor opção. Dessa forma, sigo ótima sozinha! Acho mesmo,que está nas nossas mãos decidir o que é divertido pra nós ou não! É um trabalho árduo hahahahah se é, pq mulher, por mais independente que seja, sente falta de um colinho, de um dengo, de um romance.... de companhia, mesmo que seja de vez em quando.... e se for pra ser só sexo, que seja entrega, que seja inteiro, mesmo que só naquele momento!

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  3. Ótimo texto! Deve ser realmente como a grande maioria de nós solteiras se sente.

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  4. Ótimo texto! Deve ser realmente como a grande maioria de nós solteiras se sente.

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